Os americanos incentivam o crescimento e a responsabilidade mais cedo
Tatiana Souza
Hoje em dia, não tenho a menor dúvida de que meus pais tomaram a decisão certa de sair do Brasil. Os primeiros anos, durante a transição foram mais difíceis, acredito que pela minha idade na época. Tinha apenas 16 anos e estava completando o segundo ano do colegial no Brasil. De repente, tive que me desligar do meu ciclo de amizades, família e de tudo que estava acontecendo e encarar uma nova vida em outro país.
Imagino que eu tenha tido mais dificuldades de adaptação nos EUA do que meus pais, devido à minha idade na época que essa mudança aconteceu, e, por não ter feito a escolha…rs. Meus pais estavam decididos e felizes com a decisão tomada.
Ao longo dos anos, grande parte da minha família migrou para Orlando; o que fez com que a saudade fosse por um período curto. Atualmente, somente o meu pai reside no Brasil, e antes do confinamento do COVID-19, ele nos visitava a cada 3 meses, o que é bastante confortador para todos nós.
São muitas as diferenças culturais entre os dois países. Acredito que hoje não sinto tanto o choque cultural porque já estou aqui há 21 anos. No começo, a alimentação me surpreendeu, visto que aqui se come muita comida congelada, fritura e fast food. A individualidade do americano faz parecer que são frios; mas com a convivência, na realidade é o oposto. A forma como eles encaram a vida com seriedade, são pontuais e profissionais. Nós brasileiros, somos mais sentimentais em relação à super proteção, enquanto os americanos incentivam o crescimento e a responsabilidade mais cedo. Por exemplo, comecei a trabalhar com 16 anos e se tivesse morando no Brasil, com certeza isso não aconteceria.
Hoje em dia não penso mais em voltar para o Brasil..na verdade me sinto tanto americana como brasileira. Já vivi mais tempo da minha vida aqui do que no Brasil. Me formei aqui, estou me realizando profissionalmente e constitui uma família.
